"Convenci-me que Haller era um gênio do sofrimento; que ele, no sentido de várias acepções de Nietzsche, havia forjado dentro de si uma capacidade de sofrimento genial, ilimitada e terrível. (...) o "amarás teu próximo!" estava tão entranhado em sua alma como o odiar-se a si mesmo." (pág. 15)
Que homem é esse, estranho, que consegue sofrer, odiando a si mesmo por amar aos outros em demasia?
Esse é Harry Haller, o protagonista de "O Lobo da Estepe", um homem que retrata muitos de nós, personagens da dita "vida real". Seres que são tão fortemente condicionados, em suas primeiras experiências, a viverem em prol do social, a serem para o mundo tudo aquilo que a sociedade quer que sejam, que acabam por anular-se, a condenar suas próprias convicções e aceitar aquela que lhes é imposta.
E Haller amou tanto o mundo e odiou tanto a si mesmo, que acabou por isolar-se da sociedade, de certa forma, talvez por temer que o mundo tivesse que suportar sua forma distinta de pensar.
Fica aí uma dúvida: Quantos de nós acabamos por isolar nossos ideais porque acreditamos serem nulos diante daqueles que são pregados ao nosso redor? Quantos de nós acabamos por condenar nossas convicções por acharmos que somos pequenos demais diante de tudo ou por temermos não ser mais aceitos na inquestionável sociedade? E finalmente, QUANTO DE NÓS vive oculto na misantropia do sentir, do ser e do estar?

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